LIBERTAS QUAE SERA TAMEN
A “Inconfidência Mineira” (1789), em Vila Rica, depois Ouro Preto, sede da capitania das Minas Gerais, foi um movimento conspirador que tinha um sonho de criar uma nação autônoma e republicana, livre da espoliação da corte portuguesa que explorava e oprimia com uma carga absurda de impostos sobre a mineração de ouro. Essa tributação concorria para o agravamento da crise econômica e social da região.Minas Gerais era a capitania que mais sofria com a espoliação da coroa portuguesa. A idéia de “liberdade” então, surge no coração de alguns poetas, militares, fazendeiros, negociantes e sacerdotes. Eles se levantaram contra a exploração, a extorsão fiscal, a má aplicação da justiça e a administração corrupta. Surge neste cenário a figura de Tiradentes que seria o responsável em divulgar o movimento. Traído por um fazendeiro chamado Silvério dos Reis, quando trabalhava para divulgar o sonho de “liberdade”, Tiradentes foi preso, seus companheiros também detidos, 11 réus foram condenados à morte, outros deportados para a África.Tiradentes chama para si a responsabilidade do movimento, por isso, foi morto e pedaços do seu corpo foram expostos nos caminhos do Rio de Janeiro a Vila Rica, para a lição do povo. Todo sonho de “liberdade” tem um preço. Esta magnífica historia me fez lembrar de outra, que está revelada na Bíblia, no livro de Filipenses cap. 3 vrs 1 a 11. O protagonista é um apóstolo de nome Paulo. Que ao contrário dos inconfidentes viveu durante muitos anos sobre, a opressão, a escravidão, o ritualismo não de um governo opressor, mas de uma religião que o dominava a ponto de fazê-lo perseguir, humilhar e até matar pessoas em nome de sua fé. Mas este homem um dia teve uma grande experiência. No caminho de Damasco, tocado profundamente pelo amor de Deus, teve um encontro profundo com Jesus Cristo, o Filho de Deus (Atos cap. 9). Sua alma é transformada, sua mente é liberta, seu espírito recebe o Espírito do Pai eterno e algo extraordinário acontece, o seu sonho de “liberdade” se torna real. Ele acorda para a vida espiritual verdadeira, se levanta para ser um novo homem, um homem de Deus. E alguns anos depois escreve uma carta aos Filipenses (cap. 3) relatando a profundidade da transformação de sua existência. Mostra a diferença de ser um religioso para ser um filho de Deus. Anuncia que a “liberdade” conquistada em Cristo não tem preço e nos revela alguns pontos muito importantes do sentido real de sua vida.Observe o texto:a) Fil. Cap. 3b “...nós adoramos a Deus por meio do seu Espírito... em união com Cristo Jesus... em vez de pormos nossa confiança em cerimônias religiosas...” É isto mesmo, antes Paulo em sua religiosidade entendeu que as cerimônias religiosas seriam como intermediárias entre o homem e Deus, ou seja, sem elas Deus não se achegaria a criatura pecaminosa e condenada. Ele punha a confiança nestas coisas (vrs. 4). Elas eram mais importantes que o próprio Deus.Nossos dias são muito difíceis, vejo a total dependência de milhares e milhares de rituais impostos a ferro e fogo sobre os fiéis e em muitos casos com o objetivo de levantar dinheiro para tal “obra” aqui ou ali. Mas Paulo caiu na real, as cerimônias religiosas perderam o sentido, a liberdade em Cristo agora é viva, o reunir com os irmãos era para adorar ao Deus vivo, compartilhar sua graça e amor, caminhar, unidos pelo sacrifício de Jesus e nada mais.b) Vrs. 5 “... fui circuncidado... sou israelita de nascimento... de sangue hebreu...” Antes daquele dia emocionante no caminho de Damasco, gabava-se de sua nacionalidade, seu DNA era mais valioso, talvez sentisse pertencente a uma raça superior. Agora não, em Jesus, seu sentimento era de ser o menor de todos e o maior dos pecadores (dito por ele mesmo), o mais carente e igual aos demais.Liberdade em Cristo tem estas coisas, os títulos e os cargos perdem o sentido e o valor e não podem nos escravizar mais. Para se manter diante do mundo como muitos hoje fazem, usando estas coisas como escudo, mas no fundo são escravos de si mesmos, se acham superiores na comunidade de discípulos de Cristo, se sentem cheios de uma autoridade vazia e sem sentido.c) vers. 5/6 “... quanto à prática da lei, fariseu... por meio da obediência à lei... ninguém podia me acusar de nada...” Preceitos da Lei cumpridos a ponto de se tornar um fanático de sua religião. Posso comparar esta parte com os manuais, constituições, dogmas, certas doutrinas que foram criadas com a intenção de "organizar as coisas de Deus", mas percebo que o efeito foi devastador, porque tudo isto passou a ser mais importante do que a vida do Espírito de Deus e sua Palavra. Eu mesmo ouvi um testemunho de uma pessoa que estava numa reunião onde o assunto principal era tratar da mudança de um pastor, mas o tal manual foi jogado em cima da mesa e com tom de autoridade, esbravejou o que presidia: "...agora vamos ter que obedecer o manual..." Fanatismo puro. Em Cristo somos livres e escravos somente de sua Palavra.Veja cap. 3 vrs. 7/8: “... no passado todas essas coisas valiam muito para mim, mas agora, por causa de Cristo, considero que não tem nenhum valor... considero tudo uma completa perda... joguei tudo fora como se fosse lixo.” (Bíblia de Estudo NTLH)Finalmente veja que palavra esclarecedora o vrs. 9: “... eu já não procuro mais ser aceito por Deus por causa da minha obediência à lei. Pois agora é por meio de minha fé em Cristo que eu sou aceito e essa aceitação vem de Deus e se baseia na fé. Tudo que eu quero é conhecer a Cristo e sentir em mim o poder de sua ressurreição”.A Liberdade tem um preço. È preciso fazer uma faxina, jogar o lixo fora, não precisamos de nada disso para viver Deus em nossos corações. O grito da inconfidência mineira foi LIBERTAS QUAE SERA TAMEN, QUE SIGNIFICA “LIBERDADE AINDA QUE TARDIA”. Somos chamados a liberdade, muitos são escravos de tudo isto que um dia Paulo considerou como nada. Vejo milhares indo após as algemas da religião. Achando que fazendo isto ou aquilo vão conseguir chegar na presença de Deus, acabam criando para si um Deus imaginário, que existe apenas em suas mentes doentias. Dê um basta e seja livre.
Meu grito e minha Liberdade chegou em Cristo Jesus. Sou livre. E você?
Paz!
Paz!
Moacir M. Morais