quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011


Nos fins do século XIX, um jovem pastor dinamarquês, chamado Soren Kierkegaard, descreveu em um livro como seriam os traços, a postura, a fala e o modo de vida de um autêntico “cavaleiro da fé”. Desde que o li, fiquei imaginando, como se apresentaria hoje, num mundo tecnológico pós-moderno, materialista e individualista, alguém que tivesse de fato compreendido verdadeiramente o que é o Evangelho e o que é ter fé autêntica, e como ele enfrentaria as contradições de nossa época. Atrevo-me aqui, a discorrer um pouco sobre essa existência:


Por ser um homem – ou uma mulher – de fé centrada na Pessoa de Jesus, ele não dá atenção a nenhuma forma de religiosidade constituída por crenças em objetos, nem leva à igreja peças de roupas, documentos, ou qualquer outra coisa, pois à semelhança da fé do centurião romano, seus lábios não se cansam de repetir: “Senhor, basta uma palavra sua…” (Mt 8.8).

É capaz de ver a bondade de Deus presente em toda a Terra. Agradece pelo sol, pela chuva, pelo pão de cada dia, e até pelas dificuldades e provações. Embora, às vezes pareça que suas forças minaram, os seus olhos são como quem vê o Invisível, por isso nunca perde a esperança.

Interessa-se por todos os assuntos, e conversa animadamente sobre tudo sem restrições. Nada do que é humano lhe causa espanto, e a ninguém julga, pois conhece muito bem as contradições e ambigüidades que existem dentro de si.

Aprecia as Artes em geral, a pintura, a música, lê romances e poesia, pois no fundo sabe que, embora sejam prazeres efêmeros, eles representam antecipadamente as coisas do céu, como um vislumbre da Eternidade, um aperitivo que nos é dado. Só quem tem olhos para apreciar as artes pode reconhecer em Deus um Artista Supremo que pintou o pôr-do-sol com aquelas cores, criou cada flor com o seu toque de beleza e perfume, e arquitetou o cintilar intermitente das estrelas para iluminar a noite.

Ao contrário de muitos cristãos, ele crê na “Graça comum”, onde Deus em sua infinita bondade outorga a todas as pessoas inumeráveis bênçãos, dons e talentos. Por esse motivo, ele se agrada da boa música sem se preocupar se ela vem de um selo gospel ou não, pois entende que só há dois tipos de música: a boa e a ruim. Entretém-se com as Bachianas de Villa-Lobos, vibra com o vozeirão de Pavarotti e de Bocelli, e sabe que há um toque da centelha divina em Elvis. Mesmo que estes não reconheçam de onde vêm tão brilhantes aptidões, o Cavaleiro da Fé sabe que “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do Alto” (Tg 1.17).

Embora ame o infinito, e deseje a eternidade, sabe saborear as coisas finitas com pleno prazer. Não se deixa paralisar pelos cuidados da vida, e em sua mente não há nenhuma preocupação com o amanhã, pois aprendeu a viver dia a dia e descansar no Senhor.

Sente-se bem quando está reunido com seus irmãos no templo, mas também se alegra em poder se encontrar com aqueles que não expressam sua fé, já que não faz acepção de pessoas, nem alimenta qualquer preconceito na alma. Como é um filho da Luz, irradia por onde passa o amor de Deus, pois aprendeu que na Velha Aliança quem entrava em contato com algo contaminado, tornava-se imundo e impuro. Mas agora, desde que Jesus se deixou tocar por uma mulher hemorrágica, e tocou leprosos, ao invés de ser contaminado, a Sua Presença santifica e purifica.

Sua fé não é vivida de maneira sôfrega, com culpas e temores infundados. Está em paz com Deus, e em Cristo aprendeu a perdoar o mundo. Tudo o que ele faz é para o Senhor: seu trabalho, seus estudos, e até quando se diverte. Não tem bloqueios com o seu corpo, por isso, quando feliz, se expressa também através dele, pulando e dançando como uma criança, e não dá a mínima para os olhos maus.

Sente-se amado pelos que o cercam, mas também reconhece que nem todos o compreenderão. Por isso, às vezes parece meio solitário. E não cobra ninguém por isso, pois percebe que na vida será sempre assim – uns entenderão a gente, outros não.

O cavaleiro da fé não cultua a Deus apenas no templo. Para ele não há mais dia, nem hora, nem lugar certo para prestar culto: onde ele está tem reverência ao Senhor. Todos os dias são santificados, os lugares mais comuns podem ser sagrados, bem como as coisas cotidianas da vida. Quanto aos alimentos, não rejeita nenhum: “recebidos com ações de graça, nada é recusável” (1Tm 4.4).

Não vive temeroso com o diabo, não fica mencionando o seu nome, nem obcecado por suas ações. Sua vida pertence a Deus, é Deus quem o dirige, e reconhece que “todas as cousas cooperam para o seu bem”.

Não se encaixa em nenhum rótulo religioso: não é gospel, nem renovado, carismático ou tradicional. De igual modo, também não aceita ser designado por termos próprios do judaísmo, como levita, gadita ou profeta. Ele é simplesmente um discípulo de Cristo, e como tal quer ser reconhecido.

Bem…. Kierkegaard terminou o seu relato confessando que jamais encontrou um só exemplar autêntico do cavaleiro da fé. Eu também não, mas estou disposto a persegui-lo em minha vida, ou ao menos aproximar-me dele. Desejo o mesmo para você.



Autoria de - Pr. Daniel Rocha

dadaro@uol.com.br

domingo, 6 de fevereiro de 2011




Eu lavei meu cérebro com creolina
e esfreguei minha alma no ácido muriático


Alguns amigos recentemente me indagaram sobre o momento que deixei definitivamente o exercício do ministério dentro da agremiação religiosa que servi durante mais de 25 anos. Entendo perfeitamente a forma deles pensarem. Mas é muito importante analisar o argumento apresentado para justificar a preocupação com o meu futuro espiritual. Pense nestas frases: “nossa preocupação é que você estando fora da igreja de Jesus (que na forma deles conceberem é a evangélica), cuidado você pode se esfriar... sua filha pode cair da fé... sua esposa... uma brasa fora do braseiro apaga... a igreja é a casa de Deus...voce não pode ficar sem cobertura espiritual e blá... blá... blá, o resto vocês já sabem. Meu primeiro pensamento depois dessas afirmações é: de onde eles tiraram isto? Baseados em que texto da Palavra?

Precisamos parar e pensar.

Em primeiro lugar, o pensamento de que não há relacionamento com o Divino, sem passar pelas fileiras das instituições é ensinamento da Igreja Católica Romana, que para enclausurar os fiéis afirma durante todo tempo que só há salvação para aqueles que estão submissos ao Sumo Pontífice e aos dogmas impostos sobre a massa crédula e assim mante la sobre seu absoluto domínio caso contrário quem não se submeter a isso é pagão. Os gregos com seu panteão de deuses fizeram algo muito parecido, subjugando as pessoas aos deuses tiranos, sobre o comando de Osíris e assim conseguindo total entrega aos seus caprichos. Não é diferente do Islã, que tem também em sua doutrina que Alá e Deus é Maomé o único profeta e assim a tirania continua, fora das suas fileiras não há deus nem redenção

Agora vem muitos evangélicos com esta mesma estória (conto da carochinha, engodo puro, ensinado exaustivamente pelos donos da religião) mentiras que são muito antigas e com os mesmos objetivos “ vampíricos”, ou seja, dominar as pessoas e controla las, inclusive para arrancar dinheiro, chegando até aos limites da extorsão.

Importante entender que a salvação em momento algum passa por qualquer instituição criada pelos homens. O encontro de pessoas para ler a bíblia, orar e cantar, muitas vezes tem seu valor. Comunhão com outro é sempre valiosa porque o exercício da fé propõe também a coletividade, ou seja, aproximação de pessoas com objetivos de manifestação de solidariedade, amor, promovendo a mutualidade, proposta por Jersus.

Associar salvação com qualquer instituição é no mínimo uma demonstração de desconhecimento da palavra. Tem muita gente enganada com esta falácia a muito sendo divulgada de púlpitos por gente que quer controlar as massas. A Salvação não passa por envelopes de dízimos, templos, manuais, pastores, superintendentes nem por juntas de igreja . Muito menos por comissões de evangelismo ou vários “programecos” evangélicos na televisão. Nem tão pouco por levitas, cargos, unção com óleo, rosa ungida, bolo da prosperidade, água do Jordão, CDs, cultos, correntes, vigílias, escolinha dominical e muito mais. Em pouquíssimos casos algumas destas situações podem até ajudar, mas na maioria das vezes tudo isto já está corrompido pelos interesses escusos dos donos da religião e seus devotos, além de heresias absurdas que busca textos fora dos contextos para justificar toda lambança

Salvação tem origem em Deus, passa somente por Jesus Cristo, é obra no Calvário, lugar de dor e sofrimento, morte, não precisa de nada, acessório nenhum. Vem motivada por Graça de Deus, pois Ele amou o mundo e enviou seu Filho Unigênito para que todo aquele que Nele crê não pereça e tenha a vida eterna. Se confessarmos nosso pecado a Ele, Ele fiel e justo pra perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Seu Nome é Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade e Príncipe da Paz. A revelação diz, por Ele, por meio Dele e para Ele, foram todas as coisas, ainda afirma revelação que todo joelho se dobre e toda língua confesse a Ele... no céu na terra e debaixo da terra não há outro nome. A Bíblia é “ Cristocentrica” e não “ evangelicacentrica”, “espiritacentrica”, “esotericacentrica”, “catolicacentrica”. O livro de Hebreus diz que no passado Deus falou de varias maneiras e que nos últimos tempos nos fala através do seu Filho. Os textos são intermináveis. Ir a um culto ou a reunião, ter comunhão com outros não implica em afirmar que a salvação está atrelada a isto.

Não podemos de forma alguma diminuir a redençao a ponto de coloca la para dentro dos limites das agremiações quer sejam evangélicas ou não. Já não bastam as maldições de Malaquias e dos gafanhotos, usadas fora de todos os contextos, para extorquir, correntes e campanhas intermináveis com o objetivo de manter o fiel trancafiado dentro de quatro paredes surtado pelo medo de que algum mal o está persequindo implacavelmente pronto a engoli lo vivo. O clima de terror que sataniza tudo e todos a ponto de excluir a responsabilidade do homem sobre as misérias que ele mesmo provoca na vida dos outro e na natureza do planeta colocando a culpa sempre no diabo. Não posso deixar de comentar sobre o medo imposto por doutrinas de terror, que enfia na garganta das pessoas a “neura” do pavor das obras do inferno. Isto e muito mais, tem tirado de muita gente a verdadeira leveza e liberdade de servir a Deus através de Jesus Cristo. Não podemos negociar os conteúdos do verdadeiro discipulado do Filho de Deus revelado com simplicidade na sua palavra que e de fácil entendimento a todo aquele que de coração aberto deseja de verdade segui lo.

Defendo que é muito importante repensar sobre estas falsas verdades, expurgar tudo isto, dizer a verdade pro povo, permitir que as pessoas possam viver o evangelho simples, alegre e consciente de que a vida tem naturalmente suas contradições e muitas delas inexplicáveis, mesmo para aqueles que são apaixonados por Jesus Cristo. O Reino, disse Jesus, está dentro de nós e em nenhum outro lugar. Se não esteve em Gerezim nas terras dos Samaritanos, nem em Jerusalém território Judaico , não pode estar em templos de nenhuma instituição de cunho religioso. Aliás, muitos destes santuários na cabeça de muita gente já tem o mesmo valor que o de Aparecida do Norte, são as basílicas ou arquedioceses protestantes, que me parece serem protótipos da torre que os Hebreus tentaram construir, chamada de Babel e que foi abominada diante do Criador, que na maioria das vezes não são lugar de encontro de adoradores mas cadeias de manipulação religiosa.

O calvário é insubstituível, não importa em que lugar da terra eu esteja, importa é COM QUEM EU ESTOU não ONDE ESTOU. Posso estar em qualquer templo ou reunião, ouvindo mensagens ou cds, mas se eu não estiver em em Cristo, serei o mais infeliz de todos os homens. Não vou dar Glória a coisa alguma nesta terra, somente a Deus, através de Jesus Cristo. Jamais irei exaltar quem quer que seja, em detrimento da grandeza de Jesus Cristo. Não aceito mais em minha vida nenhum acessório com capa de espiritualidade com objetivo de me aproximar de Deus. Não serei mais escravo de doutrinas nem de dogmas religiosos. Não vou perder mais nem um segundo da minha vida ouvindo, assistindo ou lendo bobagens evangélicas ditas em nome de Jesus.

Tem um músico e poeta aqui em minas Gerais, que compos uma música reflexiva para mim, que vou mencionar apenas deixar aqui sua mensagem, expressa bastante o que penso.


Sol de Primavera
(Beto Guedes)
Composição: Beto Guedes / Ronaldo Bastos

Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez
Já sonhamos juntos semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar
Já choramos muito, muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer
Sol de primavera abre as janelas do meu peito
a lição sabemos de cor
só nos resta aprender...


Devemos promover e viver a liberdade de servir ao Deus que nos revelou Jesus Cristo.

Moacir