ANÁS, CAIFÁS E O SINÉDRIO: UM CONLUIO IMORAL
No livro do Profeta Jeremias, escutamos suas lamentações:
“Caçaram-me como se eu fosse ave,
meus inimigos, sem razão.
No fosso precipitaram minha vida
e atiraram pedras sobre mim.
As águas submergiram minha cabeça;
eu dizia: “Estou
perdido”
Eu invoquei teu nome, Iahweh,
do mais profundo do fosso.
Ouviste o meu grito, não feches teus ouvidos
à minha oração, a meu apelo.
Aproximaste-te no dia em que te invoquei,
Disseste: “Não temas!”
Essas palavras, como uma profecia, rolaram pelas Sinagogas
de Israel, foram proclamadas pelos leitores do Sabath, os escribas as ensinaram
de suas cátedras e, chegada a hora, não souberam aplicá-las com justiça, na
pessoa de Jesus.
Naquela noite, depois do desgaste emocional que acarretou a
Última Ceia do Antigo Testamento e a Primeira da Nova Páscoa, Jesus,
acompanhado dos seus, daqueles que ainda lhe eram fiéis, atravessou a torrente
Cedron, circundando o Templo pela parte de trás, e subiu até o Horto do Amigo,
em Getsêmani.
O lugar era especialmente querido por Jesus porque, sem
estar longe de Jerusalém, propiciava recolhimento e uma visão privilegiada do
Templo e da Cidade.
Lá, naquela noite, as palavras das Lamentações de Jeremias
tornaram-se realidade.
Quando a noite já estava avançada e a madrugada já
“perfilava” o dia, Jesus, abandonado nos braços do Pai, naquela oração
trespassada de dor e angústia, clama pela misericórdia e compaixão:
“Pai, se possível, passa de mim este cálice, mas não seja
feita a minha vontade senão a Tua”.
Tão forte é essa súplica que a transpiração do corpo aparece
em gotas de sangue.
A mesma angústia, a mesma dor das palavras do Profeta
Jeremias, na sua Lamentação Profética:
“Eu invoquei teu nome, Iahweh,
do mais profundo do fosso...”
“Aproximaste-te no dia em que te invoquei,
disseste: ‘Não temas!’”.
E o Anjo da Agonia vem confortar a própria Força que, na sua
natureza humana, fraqueja!
Enquanto isso, em reunião extraordinária e na calada da
noite, Caifás,
Anás (sogro de Caifás) e todo o Sinédrio estudaram e maquinaram a morte de Jesus.
Na calada da noite, eles que, por religiosos e profissionais
da Fé, sabiam das Profecias e da Encarnação da Segunda Pessoa da Ssma.
Trindade, armam um conluio imoral.
E compram a fraqueza de Judas!
Pilatos e Herodes devem à História uma explicação, mas o que
deverão Anás, Caifás e o Sinédrio?
Que justificativa dariam diante do Pai, no dia do encontro?
Que não sabiam?
Que pensavam que
era outra coisa?
Que o Povo
pressionou?
Qual seria sua justificativa?
Nunca os conluios, as tramas, as armadilhas, as mentiras,
construíram vida, mas quando se trata de VIDA EM PLENITUDE, isso comporta uma
grande responsabilidade.
E assim foi.
Nem Anás nem Caifás queriam perder seus privilégios
sacerdotais, e manipularam o Sinédrio.
Pilatos perguntou a Jesus: Que é a VERDADE?
E, para condenar a VERDADE, só uma grande mentira.
E a farsa da condenação completou-se:
A covardia de Pilatos.
A frivolidade de Herodes.
A venalidade de Anás.
A tortuosidade de velha raposa de Caifás.
A acomodação do Sinédrio...
E, para fechar todo esse teatro:
A traição de Judas!
Agora, eu poderia, dando uma de moralista, percorrer os
diferentes tipos de homens e mulheres que continuam, hoje, a trama da condenação de Jesus, .
Prefiro deixar cada um a sós com sua consciência.
A resposta é como a responsabilidade: pessoal!
Com um abraço sincero do
P.
Ramon Jamardo