VOCÊ É IGREJADO...DESIGREJADO...OU DISCÍPULO DE JESUS DE NAZARÉ?
Pela primeira vez, ao ler um texto divulgado em blogs evangélicos, tomei conhecimento da existência de mais um adjetivo direcionado para os crentes, são eles os “desigrejados”. Um dos autores, que é intelectual de uma denominação histórica, menciona várias vezes esta palavra, que para mim, até então, era estranha. O conteúdo do texto é bom para nossa reflexão como igreja. Porém, faço algumas observações, com o objetivo de levar nossos leitores a pensarem.
Este texto e outros, de autores diferentes (todos “denominacionalistas”), apontam para os “desigrejados” que, no ponto de vista deles, são pessoas que deixaram a igreja institucional, migraram para pequenos grupos com adoração nos lares ou recintos pequenos, outros se tornaram anti-igreja e não estão em lugar nenhum; enfim, se entendi bem o que li, é que a forma de se entender Igreja, na cabeça destes autores e seus devotos, está no seguinte foco: “não é possível viver o evangelho fora das ordenanças da igreja institucional, ou seja, evangélico que é evangélico, deve ficar dentro dela, independente do estado (que a igreja se encontra) Caso contrário vira "desigrejado”. Bom lembrar que "igrejado", é aquele membro tradicio al, tem carteira de membro, passou pelas águas do batismo, dizimista, e entende que precisa estar sobre autoridade espiritual de um líder, caso contrário está em rebeldia, precisa obedecer cegamente, manuais de governo e comportamento elaborados pela instituição. Se não for assim, o caminho do coitado é ser excomungado da comunidade.
Precisamos nos lembrar que o "desevangelho" é que gera "desigrejados" e "igrejados" também.
Não acho correto colocar rótulos sobre esta gente, tipo: rebeldes, insubmissos, desviados ou carnais, com a afirmação de que, estes tem que ficar sobre todo jugo institucional, afirmando que somente entre seus muros está á benção de Deus como igreja. Este conceito é o mesmo da igreja Católica que sempre ensinou que fora de suas muralhas do ritualismo e papado, não há redenção.
Interessante é que ao contrário dos “desigrejados”, a lista dos “igrejados”, ou seja, dos que hoje estão ligados fielmente as suas instituições e fazem delas uma agência exclusiva do falar de Deus no mundo, é enorme e não dá nem para contar.
Temos os “igrejados” wesleyanos, calvinistas, luteranos,nazarenos, pentecostais, tradicionais, ortodoxos. Também "igrejados" históricos, carismáticos, os da esquerda e da direita, os do centro esquerdo e da extrema direita, os radicais, mais conservadores, menos conservadores, os moderados, nominais.. Tem que ter paciência para relacionar todos. Tentar juntar isto dando o nome de Igreja Evangélica é complicado. Esta situação parece mais como uma colcha de retalhos. Justificar afirmando que “as doutrinas nos separam, mas Cristo nos une” é pura bobagem e uma tentativa de tapar o sol com a peneira.
Percebam que o “desevangelho” é que gera “desigrejados” e “igrejados”. Não esqueçam!!!
Vamos então analisar aspectos dessas duas categorias. De um lado, os “desigrejados” são os que não agüentam mais, manipulação da fé, enriquecimento do clero, evangelho recheado de inverdades evangélicas, confusão nos bastidores das instituições por cargos, manipulação de eleições de chefes estaduais ou regionais, das denominações (com candidatos de uma chapa só e muito marketing de púlpito para eleger o chefe estadual que mais convém aos interesses do clero nacional). Durante muito tempo vi de perto situações desta natureza. Escândalos por toda parte. Gente vendendo tudo em nome de Jesus. Agora chegou ao Brasil até “Sex Shop” evangélico, criado nos EUA com o objetivo de atender a demanda dos crentes na nossa nação e já faz sucesso!!! Qual denominação ao menos comentou este fato inusitado. A maioria da agremiações tem por foco principal a construção de basílicas aos moldes das que existem em outras seitas pagãs, compra de jatinhos particulares e ainda, a sustentação de missionários que, muitas vezes, nunca existiu. Também conheci de perto esta situação.
Do outro lado, os “igrejados”, que sustentam esta parafernália, alguns de boa fé, outros mal intencionados querendo um dia levar alguma vantagem dentro do sistema. Conheço pessoas com este perfil há 25 anos na agremiação religiosa que participei. Não podemos esquecer que o povo vem sendo alimentado por cultos de prosperidade, batismo não sei do quê, quebra de maldições sem fim, encontros de fins de semana e todo ritualismo pagão que vem sendo introduzido dentro das instituições com o objetivo de crescimento numérico e financeiro a qualquer preço.
Depois desta análise fico me perguntando, quem são de fato os “desigrejados”?
Pensando um pouco mais e observando a Bíblia com maior cuidado, iremos notar que a Igreja de Jesus Cristo nunca foi chamada de protestante, crente ou evangélica, muito menos seus discípulos, de “igrejados” ou “desigrejados”. Estamos percebendo que o conceito, em relação a este tema tão importante, tem sido a cada dia delapidado pelos próprios donos da religião evangélica. A Escritura Sagrada afirma que os discípulos de Jesus são Corpo de Cristo, Noiva do Cordeiro, Edifício de Deus, Igreja do Deus Vivo, Pequeno Rebanho, Reino de Sacerdotes. Expressões que demonstram a seriedade com que Deus trata com seu povo. A mesma atitude de depreciação de princípios e conceitos tão importantes para os discípulos de Jesus vem sendo usada, vergonhosamente, em outros temas tão magníficos como, batismo, ceia, adoração, evangelismo, anunciação da palavra, dinheiro, missões (hoje tem até Kit missões, por Cr$ 45,00, pela internet, com objetivo de formar “missionários”), enfim, a lambança é cada vez mais evidente.
Prestem atenção Somos Igreja de Jesus não por causa de uma filiação sobre adestramento das instituições, sendo obrigados a engolir suas doutrinas, “manuais de Caim” (regras e orientações de como assassinar seus irmãos) e costumes; mas, por Justificação pela Fé, como afirma Paulo aos Romanos. Nascidos de novo, como o próprio Jesus em suas palavras a Nicodemos no evangelho de João e também, por sermos selados pelo Espírito Santo, segundo a epístola aos Efésios. O arrependimento, total entrega e convicção sobre o sacrifício do Filho de Deus no calvário nos fazendo viver uma vida nova, segundo a epístola aos Coríntios. O livro da vida não é de propriedade de ninguém, pois quem registra os nomes daqueles que são salvos, neste livro, é o próprio Cordeiro de Deus que está assentado no Trono, não é superintendente, diretor de área, junta estadual ou nacional, até porque, estas juntas, na maioria das vezes, são braços do inferno dentro da comunidade. O Senhor disse ao mundo, em alto e bom tom, que quando Ele, Jesus Cristo, fosse levantado na Cruz atrairia muitos a Ele por causa de Seu amor e misericórdia. Que a salvação não viria de ninguém, pois ela Dom de Deus. Assim, eu poderia continuar escrevendo muito mais, inclusive falando da maravilhosa e indescritível Graça de Deus, que não depende de nada, está no universo como um rio a correr, passando por todos, sem distinção. Amor e Compaixão que promove a busca ao perdido, alcançando a todos, mas salvando aqueles que crêem no Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e que se fez caminho, verdade e vida.
É muito pobre tentar dizer que a Igreja de Jesus são os membros das igrejas evangélicas.
Ser Igreja transcende a tudo e a todos. Se puder veja um texto que postei no blog, com o título “Marina você já é bonita com o que Deus te deu”.
Vejo que a maior preocupação evangélica é manter o número de membros cada vez mais crescente com objetivo de sustentar seu poder diante da opinião pública. Conheci de perto alvos absurdos, pessoas sendo tratadas como idiotas incapazes de analisar projetos como “vamos ganhar almas para Cristo, vamos fazer 50 anos em 5” parafraseando JK, mas nos bastidores disto o que tinha mais valor não eram as pessoas, mas o dinheiro delas. A coisa precisa crescer financeiramente a qualquer custo porque criaram estruturas gigantescas e caríssimas de se manter, porém, com superficialidade nos seus conteúdos. Qualquer movimento contra esta realidade será repudiado sem o menor escrúpulo. Porque estamos enfrentando e nos relacionando hoje, já não é mais com comunidades de discípulos, mas corporações milionárias, com tentáculos no mundo inteiro e com interesses políticos gigantescos. Ouvi, certa vez, que algumas destas organizações seriam até agências de espionagem americana no Brasil travestido de religiosidade evangélica.
Finalmente, conheço sim, algumas comunidades que se reúnem sem interesse financeiro, de pastores sérios. Tive e tenho comunhão, até hoje, com muitas pessoas abençoadas mesmo estando elas ainda dentro da instituição, outras que se reúnem em casas ou prédios simples, com famílias de convertidos e com propósitos bem definidos de servir a Deus somente. Anunciam o conteúdo inegociável que é a Palavra de Deus, com muita simplicidade, gente desconhecida, destituída de glamour, que mesmo em meio à falta de dinheiro e luxo, continuam anunciando o evangelho com amor e dedicação. Mas, existem sim, muitos discípulos de Jesus, sinceros, convertidos de verdade que estão fora das instituições a muito tempo. Hoje quando temos a oportunidade de nos reunir para compartilhar a Palavra, o ambiente é cheio da graça, temor, não falamos de dinheiro porque não vamos comprar terreno nenhum, os cargos não existem, ninguém é dono de ninguém, somos co-responsáveis, pois somos iguais, não sou “o pastor” do povo, mas um a mais no meio deles. Sabemos que tanto dentro como fora das instituições existem pessoas de bem ou não.
Vejo muitas famílias lutando para serem transformadas de verdade e que optaram por outra forma de se congregarem sem negociar os princípios do evangelho.
Nossa postura será sempre a de orar para que Deus traga entendimento ao sincero, luz ao quebrantado, sensibilidade espiritual para aquilo que é do alto, paixão pelo Evangelho simples e alegre de Jesus Cristo. Que o Filho de Deus volte realmente a ser o centro da vida de muitos. À medida que formos caminhando, Deus irá nos orientar sobre a sua vontade. Continuaremos a postar no blog, aquilo que tem sido aprendido sobre a Igreja, para compartilhar com você. Não sou contra Instituição ou Ministérios de ninguém, cada um faz de sua vida o que deseja, seja bom ou ruim. Vejo um horizonte de mil oportunidades para semear a vida de Jesus. Na Missão Esperança, o endereço é o coração, não existe nenhum manual, somente a Palavra Revelada por Deus, muito menos clero, pois somos um corpo em Cristo que é a Cabeça. Chega dos pequenos guetos de religiosos politiqueiros, mini-sinédrios, porque temos profunda convicção que na CRUZ, Jesus pôs o ponto final nestas coisas. Aqui ninguém é dono de nada, pois não temos coisa alguma e nem somos tão “importantes” que exija dono pra tomar conta. O CNPJ, não existe. Senhores do louvor, basta, sabemos que todos são comunidade de adoradores. Se um dia tivermos que ter um lugar fixo para reunir, será apenas um lugar, porque os verdadeiros valores estão nas pessoas, “nos somos o local existencial da presença de Deus”. Nossos encontros são apenas com objetivo simples de louvar, orar, ler a Palavra, compartilhar o corpo e o sangue de Jesus e testemunhar Dele. Somos um para o outro, procurando ser gente de Deus de verdade, onde ninguém precisa ser o que não é. Repito para os amados, não estou mais sobre o povo, mas sim entre eles, mais um caminhando junto.
Lembrem-se, desevangelho gera desigrejados e igrejados e também.: desesperança, desilusão, desafeto, desestrutura, desamor, desgraça, desencontro, desinteresse, desconfiança, desterro, desvarios, descontrole...
O “Evangelho é quem desvenda nossos olhos e desamarra todo nó que já se fez. Porém ninguém será liberto sem que clame, arrependido aos pés de Cristo o Rei dos Reis”.
O Evangelho de Jesus Cristo puro e simples forma DISCÍPULOS DO REINO.
Quem somos de verdade?
Vida e Paz.
Moacir
2 comentários:
A paz,
olá sou uma desigreijada tb huahuahuauha
nossa! profundo o seu texto fico feliz quando leio algo assim pq na maioria das vezes para não criar situações eu me calo ajoelho no meu quarto e bato altos papos com Deus sobre o que estão fazendo com o Evangelho que Jesus deixou.
Isto me causa uma insatisfação, tristeza sei lá uma confusão de sentimentos, sei que preciso ser tolerante e amar a todos mas a religiosidade dos meus irmãos só está aumentado a cada dia.
abraços
A Paz!
esse texto expressa de forma simples e absolutamente verdadeira a situação religiosa hoje.
Por vária razões, não consigo compactuar com a hipocrisia da igreja moderna,com a venda descarada do nome Jesus, e outras cositas mas, logo, também sou uma discípula desIgrejada.
Mas o amor e temor pelo Senhor é o mesmo.
Não precisamos de igreja(templos de tijolos)para amar e servir, precisamos é de corações sinceros , desinteressados e cumpridores dos 2 mandamentos de Jesus,amar a Deus sobre todas as coisas, e uns aos outros como ele nos amou.
A paz do Senhor transborde em teu coração, e que ele te abençoe abundantemente.
Graça e Paz!!!
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